23 de jul. de 2013

Algo de Insano: XIII - O final

   O tempo foi passando, e meu cérebro foi se adaptando ao corpo, ou melhor, o corpo foi se adaptando ao cérebro. Comecei fazer fisioterapia, acompanhamento psicológico, e mais muitas coisas. Tranquei o curso que a Camila estava fazendo, e continuei engenharia civil. Cheguei à conclusão de que eu era a Laura.
   No começo foi difícil, os pais da Camila queriam que eu morasse com eles, mas eu não podia, eu não queria. Queria morar com os meus pais, os pais da Laura, e eles também queriam que eu morasse com eles. Os pais da Camila deixaram eu morar com meus pais com a condição de visitá-los uma vez por semana. Era estranho acordar todos os dias e ver o rosto dela, e saber que era eu.
   As vezes eu ia visitar meu túmulo no cemitério. Enterraram meu corpo e o cérebro da Camila juntos. Eu propus a ideia. Já que iam unir nossas partes vivas, por que não unir as mortas também? Na primeira vez que vi a minha foto no túmulo, chorei muito. Mas com o tempo fui me acostumando.
   Toda essa adaptação foi difícil, mas me adaptei tão bem, que agora eu nem penso mais em como era meu rosto de Laura. Terminei com o Lucas assim que saí do hospital. Ele não compreendia que eu era a Laura. Mas no final ele aceitou o término do namoro.
   Já o Pedro, ele também não aceitava que eu era a Laura. Nós dois nos amávamos de verdade. Mas ele dizia que eu era a irmã dele, e não a namorada, e que todas as vezes que ele fosse me beijar, ia sentir que estava me traindo. Mas felizmente, eu coloquei na cabeça dele que eu era a Laura.
   Nós nos casamos, e tivemos dois filhos. Os meus quatro pais vivem em perfeita harmonia. Eu não sei nada da vida do Lucas, ele preferiu manter distância de mim. E eu consegui realizar os sonhos da Camila, e os meus também. 

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