14 de set. de 2013

A Última Herdeira: X


   Os dias foram passando e Lucas, Augusto e Manuela estavam planejando os detalhes da invasão à sala do diretor da clínica com muita cautela. Nesses dias que passaram, ele não saiu da clínica nenhuma vez que tivessem descoberto. Parecia que ele sabia que estavam planejando algo. Lucas continuava triste pela morte de Vitória, mas já conseguia sorrir as vezes.
   Em uma noite, a menina estava sentada em sua cama lendo um livro que levou à clínica quando foi pra lá. De repente, ela ouviu batidas na porta de seu quarto, e foi ver quem era. Quando abriu a porta, Lucas estava parado em frente ao seu quarto com um pote de sorvete e duas colheres.
   -Oi, posso entrar? Trouxe sorvete!
   -O que você está fazendo aqui, seu maluco?
   -Eu não estava conseguindo dormir, então pensei que talvez pudéssemos conversar até de madrugada. E nem adianta dizer que vai dormir, porque eu sei que vai ler!
   -Entra logo, seu babaca!
   O garoto entrou no cômodo e enquanto sentava no chão, abria o pode de sorvete. Manuela guardou seu livro e deitou em sua cama. Ela estava feliz por ver que Lucas finalmente confiava nela, mas o que ela mais queria fazer era ler seu livro.
   -Então, posso começar desabafar?
   -Manda a ver! Mas antes, como conseguiu o sorvete?
   -Augusto. Enfim, eu estou muito perdido. Tipo, eu sonho que eu e a Vitória estamos juntos, namorando em um lindo jardim cheio de flores. Daí do nada ela morre em meus braços, aí eu começo a chorar e acordo chorando. Eu não aguento mais sonhar isso. Porque tenho saudades dela, saudades de quando namorávamos. De quando estávamos juntos, e fico triste por ela ter morrido. Sinto raiva desse lugar e sinto sono. Muito sono. Então o que eu faço?
   -Primeiro: aceite que a Vitória morreu. Segundo: use a raiva para fazer com que nosso plano dê certo. E terceiro: tome algum relaxante muscular, calmante, ou coisas do tipo. É isso aí!
   -Cara, você não leva nada a sério...
   -Isso não é verdade. Eu estou falando sério.
   -Então tá bom. Mas me diz, como é a sua ida fora daqui?
   Os dois passaram a noite toda conversando e desabafando um com o outro. Tomaram todo o pote de sorvete e acabaram dormindo do jeito que estavam. Lucas no chão e Manuela na cama. Ela sonhou que estava em um lugar todo branco e no centro havia uma caixa marrom de madeira bem antiga, com muitos detalhes com ferro. Quando ela se aproximou, foi tentar abrir a caixa. Mas quando colocou a mão na fechadura, um despertador tocou e ela acordou.

   Naquele dia, o diretor da clínica ia viajar para a Grécia, para tratar de assuntos da clínica. Seu voo sairia as quatorze horas, e seria nesse momento que Augusto, Manuela e Lucas entrariam na sala dele para destruir a caixa.
   Manuela estava tendo sua aula de feitiços práticos quando a professora recebeu um papel e o leu em voz alta. Era para ela estar na sala do Augusto em cinco minutos. Ela foi o mais rápido que pôde, e quando chegou lá, Lucas já estava à sua espera.
   -Você colocou sonífero no café dos guardas das câmeras?-Perguntou a menina.
   -Sim, como o combinado. Eles estão dormindo feito pedra. E o Augusto já desativou as câmeras.
   -Isso é bom, então vamos?
   -Espera aí, maninha! Você tem certeza que não vamos precisar de nenhum instrumento para quebrar a caixa?
   -Você não confia nos meus poderes de bruxa?
   -Confio sim. Então vamos!
   Quando chegaram na sala. Ela viu pela primeira vez como aquele lugar era diferente do resto da clínica. Todos os cômodos eram brancos, triste, e limpos, mas essa sala era muito diferente. Tinha uma aparência suja. As paredes eram da cor marrom, e na mesa do diretor estavam muitos papéis e coisas jogadas. Na sala havia um armário branco, todo sujo. E a sala cheirava a alho.
   -Ali está a caixa marrom!- Disse Lucas apontando para um lugar no teto.
   -Beleza, primeiro eu tenho que pensar nela com um pequeno buraco, depois vou lá ver o que tem dentro, e depois eu explodo tudo isso!
   A garota se concentrou como nunca fez antes. E de repente, um buraco estava feito na caixa. Ela imaginou tudo o que estava lá dentro caindo da caixa, e assim aconteceu. Mas o que caiu não era o esperado. Quilos e mais quilos de poeira caíram do teto.
   -Mas o que é isso? Era pra cair algum objeto, foi isso que pensei!
   -Esperem, eu acho que essa caixa é o reservatório de poeira do aspirador de pó que tem no teto dessa sala.
   -Tem um aspirador de pó no teto dessa sala? Caramba, já vim aqui muitas vezes e nunca reparei nisso.- Falou o garoto enquanto a menina tremia de raiva.
   -Sabem o que isso significa? Significa que tivemos todo esse trabalho pra nada! Essa não é a caixa marrom, e nós nos arriscamos à toa!
   -Calma Manu, ninguém sabe que estamos aqui, então relaxa.
   O garoto falou isso muito cedo. Quando terminou de dizer, Patrícia abriu a porta da sala e disse:
   -Então aí estão vocês três! Achei estranho vocês sumirem de repente bem quando o diretor foi viajar...


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