24 de set. de 2013

A Última Herdeira: XIV


   A garota não acreditou no que ouviu. Seria mesmo seu pai, aquele homem choroso postado em frente a um portão? Ela não quis esperar a certeza e correu para os braços de seu pai. Os dois se abraçaram como se não houvesse nada além deles. Era o tão esperado abraço de pai e filha. Um abraço apertado, verdadeiro, amoroso e sincero.
   Manuela nem imaginara que encontraria seu pai um dia, quando soube da morte de sua mãe, perdeu qualquer expectativa em reencontrar sua família biológica. Mas Roberto nunca perdera a esperança de que um dia teria sua filha de volta. Agora ela tinha seu irmão e seu pai. Ela começou a entender que Augusto de fato não podia ter destruído tudo sem ela.
   -Eu esperei você por tanto tempo! Olhe para você, uma moça crescida. Sinto tanto por não não ter estado junto de você esse tempo todo. Perdi sua primeira palavra, seus primeiros passos, perdi quase tudo. Mas aqui está você, minha filha. Minha Manuela.
   -Pai. Eu nem sabia que um dia iria conhecer você. Você é meu passado, meu presente e meu futuro. Eu não sei nem o seu nome, mas já lhe amo tanto.
   Os dois entraram na casa, um lugar pequeno e simples. Na sala havia um sofá vermelho todo rasgado, e na frente dele um raque marrom com uma pequena televisão. A cozinha ficava ao lado sem nenhuma parede. Havia um balcão de granito com a pia, e ao lado um fogão de quatro bocas bem engordurado. Também tinha uma geladeira branca em um canto, e no meio da cozinha, uma mesa de madeira com quatro cadeiras.
   Augusto estava deitado no sofá com uma aparência de doente. Em uma das mesas da cozinha, Lucas estava sentado comendo um pão. Ela estava perdida, não sabia se queria saber tudo sobre seu pai, se corria para o irmão, ou se conversava com o amigo. Decidiu que era melhor ver como seu irmão estava.
   -Como você está?
   -Você sabia que eu era um bruxo?
   -Eu descobri hoje, mas como você soube?
   -A Vitória deveria ter me contado. Eu poderia ter destruído tudo, ter evitado que você entrasse nessa guerra!
   -Eu também pensei isso no começo, mas se tivesse feito isso, eu jamais teria conhecido você e papai. E agora eu vejo que foi melhor assim. Eu amo vocês.



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