2 de out. de 2013

A Última Herdeira: XV


   Imediatamente, Augusto ficou mais calmo e não pôde controlar o impulso de abraçar sua irmã o mais apertado possível. Ele a amava muito. O motivo que fez com que ele escolhesse a universidade de psicologia; a razão pela qual ele entrou no lugar que ele mais repudiava. Agora aquela menina, que ele achou que nunca iria ver na vida, estava dizendo que lhe amava.
   Logo que seus braços se separaram, os dois olharam nos olhos um do outro. As semelhanças iam muito além da cor, ou dos traços. Ambos possuíam rastros de tristeza pela morte da mãe, e também a felicidade de enfim estarem juntos na casa de seu pai. Um fortalecia o outro, e o amor que os unia era verdadeiro e infinito, e enquanto se olhavam, eles tinha a certeza disso tudo.
    Roberto também não pôde impedir que lágrimas quentes escorressem pelo seu rosto envelhecido. Ele correu para junto dos filhos. Finalmente a família legítima de Manuela estava reunida. Quando a garota descobriu que possuía uma outra família, ela duvidou que um dia encontraria alguém dela, mas agora que estava abraçada com seu irmão e seu pai, ela sentia que nada no mundo poderia destruí-la.
   -Desculpe interromper esse momento lindo entre família, mas nós precisamos nos concentrar no nosso plano!- Disse Lucas com amargura.
   -Nós temos um plano?- Perguntou Manuela ainda emocionada.
   -Não. E é por isso que não podemos perder tempo com abraços coletivos. Vamos, o que você fez na clínica antes de fugir de lá?
   -Eu não fiz nada além de derrubar os cientistas malucos e pegar as minhas coisas.
   -Você precisava ter feito alguma coisa de útil além de salvar sua pele. Sabia que você podia ter conseguido derrubar todo mundo se quisesse?
   -Calma, rapaz. Ela estava nervosa, sozinha em um lugar que só tem pessoas ruins, tente entender o lado dela.- Intrometeu-se Roberto.
   -Você está defendendo-a só porque ela é a sua filhinha que estava perdida e agora voltou. Isso não é justo!Ela tem dois pais, dois irmãos, tem uma mãe e tem uma vida fora daquele lugar horroroso! E eu, o que eu tenho além da dó que vocês sentem por mim? Nada! Eu não tenho nada!
   -Você têm amizade. E o que é mais bonito do que uma amizade verdadeira, uma amizade sem interesse, sem aparência, sem inveja? Você precisa acreditar na força das sua amizades, porque quando você não tiver mais ninguém, seus amigos estarão por perto para lhe ajudar. Mas além de amizade você precisa ter amor à vida, amor próprio. Precisa acreditar que você pode tudo o que quiser, basta correr atrás!- disse Roberto.
   -Eu sei de tudo isso. E fico muito grato, de verdade. Mas vocês não sabem como é perder todo mundo que você ama. Todos nós corremos risco de morrer nessa batalha, e eu prefiro que seja eu, assim não precisarei sofrer a morte de mais uma pessoa que eu amo. Me desculpem por ter sido um estúpido.
   Manuela levantou-se do sofá e abraçou Lucas. De uma forma estranha ela conseguia entende-lo, e sabia como ele se sentia. Manuela gostava muito do garoto, era como um terceiro irmão, mais um integrante da sua nova família.
   -Eu amo você. Você é meu melhor amigo, é meu terceiro irmão, e eu divido meu irmão e meu pai com você.- Sussurrou a menina no ouvido dele.
   Alguns momentos de demonstração de amor seriam extremamente importantes daquele dia em diante. Dois dias se passaram, e tudo o que os quatro conseguiram pensar e falar, era sobre o plano que eles estavam elaborando. Tinha de ser um plano infalível, pois eles não teriam uma segunda chance de achar a caixa marrom e destruí-la.



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